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  • Daniela Lopes

CENTRO ABERTO: experiências na escala humana em São Paulo


Largo Paissandú

Os projetos do Centro Aberto não buscam construir novos espaços, mas, sobretudo, transformar as estruturas preexistentes

através da renovação de suas formas de uso


O mundo todo sabe que a cidade de São Paulo é um caos urbano. Se já foi ou só ouviu falar, o trânsito, a violência, o barulho, a quantidade enorme de pessoas, carros, prédios, filas, poluição é parte integrante de nossos imaginários quando falamos da grande capital econômica do país. E como frequentadora da cidade desde que me conheço por gente, ela sempre me encantou e assustou ao mesmo tempo.

Agora, sabemos que nos últimos anos houveram algumas mudanças no rumo que a cidade vinha traçando durante décadas de investimentos em um modelo já ultrapassado de urbanismo. E uma oportunidade de visitá-la novamente pôde mudar ideias sobre São Paulo que já me acompanhavam desde sempre. Especialmente sobre a região do centro, por anos estigmatizado, mas que passa por uma série de intervenções que vêm modificando a cara desse recorte urbano.

O centro de São Paulo é um setor privilegiado da cidade. A ampla oferta de empregos, a pujante dinâmica do comércio popular e especializado, o amplo serviço de transporte público, a presença dos órgãos de governo, a memória do patrimônio histórico, a ampla oferta de equipamentos culturais e de espaços públicos o singularizam.

O centro é o espaço de representação de toda a sociedade, o que o faz ser um lugar de celebração e de conflitos. Sendo assim, pensar e agir sobre a transformação da área central de São Paulo exige enfrentar o campo de projeto como um campo de negociação de conflitos, em que a coexistência pacífica seja não apenas possível, mas, sobretudo, desejável, promovendo a celebração.

A região central da cidade sofreu ao longo da segunda metade do século XX um processo de desvalorização simbólica e degradação de suas condições ambientais, paralelo à expansão da mancha urbana e o surgimento de novas regiões com funções de centralidade. O Centro passou a ser um lugar de passagem e não um espaço de estar, que convide à convivência e ao desfrute de seus potenciais e qualidades históricas. Tal configuração espacial não apenas produz uma sensação de insegurança aos usuários, como também não atende suas demandas e necessidades cotidianas. A requalificação da área central é um desafio e uma necessidade, imbuída de um inegável sentido democrático.

Largo São Francisco

Renovação das formas de uso

O projeto Centro Aberto – que tem sede justamente no Centro de São Paulo – não busca construir novos espaços, mas, sobretudo transformar as estruturas preexistentes, permitindo atividades de celebração. Os projetos buscam a ativação do espaço público por meio da renovação de suas formas de uso. Promover a diversificação das atividades – envolvendo um número maior de grupos de usuários, em faixas de tempo também ampliadas – constitui-se em um instrumento fundamental para a construção do domínio público sobre os espaços. Esse processo é capaz de promover, além da melhoria na percepção de segurança, o reforço no sentido de pertencimento e identificação da população com o Centro.

O Centro Aberto tem papel de articular as políticas públicas municipais voltadas para os espaços públicos. Neles, convergem ações de diversos órgãos municipais, como o WiFi Livre SP e a renovação da iluminação pública, o incentivo à presença de artistas de rua e comida de rua, assim como a rede de bicicletas compartilhadas e a instalação de paraciclos. Os primeiros projetos do Centro Aberto foram implantados em caráter de experimentação, como projetos piloto.

Projetos piloto são uma forma de testar novas soluções em escala 1:1 antes de fazer alterações permanentes. Ao mesmo tempo em que permitem o diálogo público e o envolvimento da comunidade, convidam usuários e potenciais usuários para o engajamento no processo de mudança da cidade com relação as suas necessidades e demandas.

Essa forma de atuação se mostrou uma ferramenta política forte na tomada de decisão, uma vez que mostra diretamente como a vida da cidade será afetada pelas mudanças. Nesse contexto, o recolhimento de dados sublinhando os efeitos das mudanças é, evidentemente, indispensável.

Este texto foi retirado na íntegra do site de Gestão Urbana da Prefeitura de São Paulo. Veja o original aqui.

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