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  • Ana Bigi

Urbanismo tático


Ciclovia de domingo em Coqueiros, Florianópolis. Via Clic RBS

"Melhorar a habitabilidade das nossas cidades geralmente começa na

escala da rua, bloco ou edifício'"

-Mike Lyndon, Tactical Urbanism 2

Com o objetivo de estimular a vivência urbana e melhorar a qualidade de vida, vem sendo debatido nos últimos anos o conceito de Urbanismo Tático. Em poucas palavras, trata-se de ações de baixo investimento, criando possibilidade de transformação urbana a partir de melhorias em pequena escala. É também uma ferramenta de planejamento urbano, que leva em consideração possibilidades de testes e verificação das mudanças, buscando investir esforço e dinheiro em ações efetivas. O livro Tactical Urbanism de Mike Lydon resume em algumas páginas e apresenta com bastantes exemplos reais o que vem a ser esse urbanismo.

Essas ações vem se manifestando de diversas maneiras, desde as ocupações urbanas com intervenções de teatro e música, como as ruas fechadas aos fins de semana para brincar, até as apropriações dos espaços exclusivos de carros pelas pessoas através dos parklets criando ambientes mais humanos.


Diagrama Urbanismo Tático

São diversos os casos que já aconteceram com ações implementadas, tanto de caráter permanente, com um bom nível de aceitação pela população local e apoio pelo poder público, como de caráter efêmero ou em construção, adaptação, teste e estudo.

O Departamento de Transporte de Nova York atualmente tem uma política pública de humanização da cidade, transformando áreas pavimentadas em praças, criando ambientes urbanos para as pessoas e também conectando a cidade com calçadas e ciclovias. Essas revitalizações são feitas inicialmente com objetos móveis, como cadeiras de praia, guarda-sóis, vasos de planta e pintura no chão, depois de verificado se as pessoas estão utilizando o espaço, são pensadas melhorias a serem implementadas de forma definitiva. A imagem acima é da criação de uma praça no lugar de uma rua.


“A missão da DOT é fornecer uma circulação segura, eficiente e ambientalmente responsável para as pessoas e bens na Cidade de Nova York e para manter e melhorar a infraestrutura de transporte crucial para a vitalidade econômica e qualidade de vida dos nossos principais clientes, os moradores da Cidade.”

Build a Better Block Project

Build a Better Block Project, Dallas. Via betterblock.


O Projeto Build a Better Block iniciou com um grupo de ativistas locais em Dallas, buscando repensar os usos do espaço público que estava subutilizado. Conta com ações de ocupação em frente aos cafés e lojas com mesas e espaços de estar, utilizando plantas e mobiliários que criam ambientes de alta qualidade urbana, gerando a apropriação do lugar pelas pessoas.

Nota-se também na imagem acima o estudo para implementação de ciclofaixa e praças, reduzindo o numero de faixas exclusivas para o carro. São ações de baixo investimento e risco para iniciar mudanças.

O urbanismo tático é também uma postura de planejamento, admitindo que não podemos controlar todas as variáveis dentro da cidade, e que podemos encontrar ferramentas de desenho urbano capazes de ser testadas, reconhecendo o erro e criando possibilidades de correção. Esse método também é conhecido como urbanismo de guerrilha, pop-up urbanismo e D.I.Y (faça você mesmo).


Erro Grupo, Geografia Inútil. Florianópolis. Via O barato de floripa


O ERRO grupo de Florianópolis é um grupo de teatro contemporâneo que traz para o ambiente urbano reflexões sobre a cidade e sociedade através de manifestações artísticas. Essas ações também fazem parte do urbanismo tático, criando modificações no uso do espaço, trazendo possibilidades e vida para esses locais.

Dentro de várias possibilidades e de experiências que vem acontecendo desde 1914, o urbanismo tático engloba as cinco características a seguir, em busca de fazer cidade:

- Uma abordagem definida em fases para instigar mudanças.

- Ideias locais para planejamento locais.

- Compromisso de curto prazo e expectativas reais.

- Baixo investimento com altos resultados.

- O desenvolvimento do capital social entre os cidadãos e a construção de capacidade organizacional entre instituições públicas/privadas, ONG e os seus constituintes.


Alguns exemplos que vem acontecendo são: ruas abertas para prática de esporte e lazer; construção de uma quadra melhor; intervenções com jardins; parklet; pedestrialização dos centros; praças no lugar de ruas; mobiliários móveis; food-trucks; entre muitos outros casos ao redor do mundo e que também acontecem no Brasil. Como planejadores urbanos devemos estimular e buscar ações dentro dessa prática, transformando o ambiente urbano através da aproximação com a escala humana.

Em Florianópolis, como em muitas outras cidades brasileiras é fundamental uma abordagem dentro desse contexto, visto que existe pouco recurso para investimento em áreas públicas e muita vontade da população em transformar o espaço. As iniciativas populares, coletivas e individuais, aliadas a um bom planejamento, que busca minimizar gastos e envolver as pessoas para criações coletivas, são formas de apropriação do espaço urbano, adequando-o à escala humana e incentivando a interação social.

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