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  • por Daniela Lopes

Memorial ao Miramar


O espaço do Miramar, tão importante socialmente na antiga Florianópolis, perdeu seu significado na história presente da cidade. O resgate de sua memória é uma ação para valorizar o patrimônio imaterial florianopolitano, bem como para atrair as pessoas de volta ao local que um dia já foi o coração de Florianópolis. Valorizar o patrimônio cultural de uma cidade é fundamental para planejar seu futuro, respeitando sua identidade cultural e histórica.


História do Miramar


Em 1925, a prefeitura decidiu construir um trapiche na área central, nas proximidades da Praça XV de Novembro. O trapiche avançava sobre o mar cerca de vinte metros e era usado para o embarque e desembarque de passageiros do serviço de ligação marítima ilha-continente. Somente em 1928 o Bar Miramar foi inaugurado em um pavilhão anexo ao trapiche.


A construção, em estilo arquitetônico eclético, era rica em detalhes. A fronteira do portal de acesso continha elementos neoclássicos e insinuações em art déco e na parte alta da fachada um vitral com dois golfinhos em massa, decorado com platibanda recortada.

O Bar Miramar funcionava como confeitaria, restaurante e bar. Por ser um símbolo de modernidade da época, era muito frequentado pelas famílias mais tradicionais de Florianópolis, que além de se reunir para tomar chá ou sorvete, aproveitavam o local para acompanhar as competições de remo que aconteciam ali perto.


Com o passar dos anos e as intervenções urbanísticas na região levaram o Miramar a decadência. Em 1970, o prédio já estava em péssimo estado de conservação, com a pintura, telhas e paredes totalmente desgastadas, se encontrando totalmente abandonado. Logo se transformou em abrigo nos dias de chuva, ponto de aluguel de baleeiras, ponto de ônibus, estacionamento de carros e ponto de encontro para amantes.


Nessa época, o centro de Florianópolis passava por alterações substanciais, com grandes projetos de modernização da malha viária através do aterro da Baía Sul. As opiniões sobre a manutenção ou demolição do Miramar estavam divididas. Diante dessa situação, um grupo de atores do Teatro Estudantil Catarinense tentou, junto a prefeitura, transformar o trapiche em um teatro de arena. Apesar da have-lo autorizado, a prefeitura não dispôs da verba para recuperar o espaço. Após uma grande campanha de arrecadação de materiais, o local foi parcialmente recuperado e o teatro inaugurado em 1972. Entretanto, poucas pessoas frequentaram o local e o teatro foi fechado. Em 24 de outubro de 1974 o Miramar foi demolido diante do andamento das obras de aterro da Baía Sul.

Em 14 de junho de 1988, após catorze anos da demolição do Miramar, o Prefeito Edison Andrino lançou a proposta de reconstrução do trapiche, criando o projeto “Revivendo o Miramar”. A ideia desse projeto era escolher a melhor proposta para reconstruir o trapiche, que funcionaria também como um restaurante. Após três anos de debate, em 2001, o Memorial ao Miramar foi construído no mesmo lugar onde se localizava o Bar Miramar, na praça Fernando Machado, mantendo o desenho da planta arquitetônica do antigo Miramar no piso. O projeto foi feito pelo arquiteto Joel Pacheco, do Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis (Ipuf), e vem sendo alvo de críticas desde então, já que a única referência ao antigo Miramar é a planta básica do memorial.


O Projeto

Caixas da Memória é uma intervenção urbana que, de forma lúdica e interativa, mostra como acontecia a vida cotidiana no espaço do Miramar e sua relação com o mar por meio de fotos antigas. Inseridas no local de forma a causar impacto, as Caixas da Memória instigam a curiosidade dos passantes, convidando-os a espiar as fotos e compará-las com o espaço vazio e sem uso que é o Miramar hoje.

Durante um dia, a intervenção foi visitada por cerca de 300 pessoas, instigadas pelo elemento diferente, flutuando entre os pilares. As crianças se esticavam para ver as fotografias, espantadas em saber como o local era diferente. Os mais velhos contavam suas próprias histórias vividas ali décadas atrás.




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